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Por que o psiquiatra é importante no tratamento da depressão, ansiedade e outros transtornos mentais

  • Vanessa Modaeli
  • 1 de nov. de 2017
  • 9 min de leitura

O momento de buscar apoio médico psiquiátrico é quando as alterações do sono, humor e apetite, em situações de estresse ou até mesmo quando tudo parece ir bem, estão interferindo na sua qualidade de vida. Essas alterações podem indicar não simplesmente sentimento de tristeza, mas uma disfunção de substâncias químicas que estão ocorrendo no seu cérebro e, que, precisa ser regularizada com o auxílio de medicamentos.

Assim como as doenças físicas podem acontecer por diversos fatores genéticos ou externos, o mesmo podemos dizer referente aos transtornos mentais.

Alguns deles, inclusive, possuem até uma idade estimada para se desenvolverem, como é o caso da esquizofrenia, que normalmente começa a aparecer, por volta dos 25 anos.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) cerca de 10% da população mundial apresenta algum tipo de transtorno mental. Ou seja, 700 milhões de pessoas se encontram nesta situação. Os transtornos mais comuns entre os brasileiros são ansiedade e depressão.

O Brasil tem 19 milhões de brasileiros com transtorno de ansiedade; o maior índice mundial. A nação ocupa o 3º lugar no ranking de depressão com mais de 11 milhões de pessoas com a doença.

Isto se deve muito à globalização da economia e das sociedades mundiais. O fácil acesso a muitas tecnologias como smartphones, computadores, tablets e a facilidade de comunicação que eles proporcionam através da web, geram excesso de informações.

Nunca estivemos tão ocupados e sobrecarregados como neste tempo contemporâneo. Nossas vidas agitadas têm impactado nossas mentes e ocasionado graves transtornos mentais à humanidade. Dentre os mais comuns estão a depressão e ansiedade.

No entanto, ainda são poucos os que buscam o tratamento para os transtornos psíquicos porque estão sufocados pelo preconceito e o estigma social que associam doenças mentais a um termo pejorativo já bem conhecido e popular que é a “loucura”.

A psicopatologia não é algo que se escolhe, mas é algo que se adquire. Orientar pessoas que apresentam sintomas de transtornos mentais a buscarem um diagnóstico psiquiátrico e tratamento adequado para solucionarem seus problemas é um dever social de todos nós.

Neste post vamos falar mais sobre transtorno mental, o tratamento psiquiátrico e sua importância. Você vai conferir também uma entrevista com o Dr. Adriano Veríssimo onde responde às dúvidas mais comuns sobre transtornos mentais e ainda você vai conhecer a história de recuperação de um dos seus pacientes.

O que é um transtorno mental?

O transtorno mental é um conjunto de sinais e sintomas psíquicos que só podem ser avaliados clinicamente por um profissional capacitado.

Geralmente está associado a um mal-estar físico e a uma ou mais incapacidades cognitivas (estados mentais relacionados ao conhecimento - pensamento, atenção, raciocínio, memória, juízo, imaginação, discurso, percepção visual e audível, aprendizagem, consciência e emoções) que afetam a compreensão da realidade e a adaptação das condições vividas.

Nossa mente funciona de modo complexo e está diretamente relacionada a fatores genéticos e estímulos externos que são processados e (re)significados no nosso cérebro.

Quando falta resiliência (capacidade de lidar e superar obstáculos e problemas) podem ocorrer psicopatologias e consequentemente a queda do nível de qualidade de vida.

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM – 5 traz uma definição satisfatória sobre o assunto. Veja o paralelo na tabela abaixo:

Quais as formas de tratamentos psiquiátricos?

A forma de tratamento depende do diagnóstico específico para cada caso. De modo geral, os tratamentos para alguns tipos de transtornos podem ser feitos através de estimulação magnética transcraniana, estimulação magnética profunda - brainsway, eletroconvulsoterapia – ECT, estimulação elétrica (tratamento experimental e adjuvante), cetamina, mas de modo geral, a maioria dos tratamentos acontecem através de psicoterapia e medicamentos. Lembrando que o uso de medicamentos só pode deve ser feito segundo indicação médica.

Por que as pessoas ainda resistem ao tratamento psiquiátrico?

Infelizmente, os transtornos mentais geralmente passam despercebidos pois as pessoas não associam os sintomas que sentem a uma disfunção mental. E isto acaba sendo um dos fatores pelos quais as pessoas não costumam buscar ajuda médica psiquiátrica.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), outro motivo pelo qual as pessoas não buscam apoio psiquiátrico é o fato de se sentirem intimidadas pelo medo do estigma de que quem procura um psiquiatra é “louco”. Isso é um preconceito causado pela falta de conhecimento.

Há ainda pessoas que buscam apoio clínico psiquiátrico mas ficam na expectativa de diagnóstico e cura imediatos. No entanto, estamos falando de uma estrutura complexa que é a nossa mente.

Logo, não se pode considerar que o tratamento e recuperação de psicopatologias acontecerão em uma semana. O sucesso da terapia psiquiátrica depende do grau de percepção e consciência do paciente sobre a sua condição.

O amadurecimento mental do paciente é fundamental no tratamento. A cura vai acontecendo na medida em que ocorre participação e contribuição do paciente durante todo o processo.

Antes de qualquer resistência, a atitude mais apropriada a se tomar é buscar o máximo possível de informações sobre os transtornos mentais e em seguida, agendar uma consulta médica para obter esclarecimentos mais detalhados e específicos sobre o assunto.

Como proceder quando há suspeita de trastorno mental na família?

Geralmente, quem primeiro percebe os sinais de um transtorno mental é um familiar ou alguém próximo da pessoa. Neste caso, uma conversa amigável deve acontecer para indicar um acompanhamento médico.

Lembre-se! Conversar em família na tentativa de encontrar uma solução é algo muito importante para reverter a situação da pessoa que sofre com transtorno mental. Caso contrário, se nada for feito, o problema irá persistir e tende a piorar com o passar do tempo.

Sintomas mais comuns entre os transtornos mentais

A família deve observar toda mudança física e de comportamento do seu ente querido. Os sintomas de transtornos mentais podem ser físicos e emocionais; dentre eles estão: dor no peito, ansiedade, alteração do sono e humor, taquicardia, boca seca, sudorese, apreensão, medos exagerados, insegurança, inquietação, irritabilidade, nervosismo, esquecimentos e dificuldade de concentração, pensamentos acelerados e negativos, sofrimento por antecipação, angústia, desânimo, cansaço, tristeza profunda e prolongada .

Esteja atento aos sintomas e não se intimide com o que as pessoas irão pensar ou falar de você ou de um familiar que esteja com algum transtorno mental. O mais importante é cuidar de você mesmo e da saúde mental daqueles que você mais ama!

Fredy: um dos casos de tratamento de sucesso do Doutor Adriano Veríssimo

O Dr. Adriano e um de seus pacientes, o Fredy, nos relataram a história de sucesso do tratamento psiquiátrico. Utilizamos o pseudônimo Fredy para o paciente, apenas para preservar sua identidade.

"Fredy chegou até mim se queixando que estava sentindo falta de ar, palpitação e dor no peito cerca de dois anos atrás. Ele pensava que estava com problema no coração e passou por vários cardiologistas, fez exames de sangue, eletroencefalograma, ecocardiograma e não constava alteração nenhuma. No entanto ele não acreditava nos médicos porque sentia sintomas evidentes de infarto."

“Passei mal várias vezes e ia constantemente para o pronto socorro. Tomei remédio para pressão porque estava um pouco alterada mas nada de melhorar. Eu achava que ia morrer. Até que os médicos me orientaram a procurar um psiquiatra. Eu resistia porque achava que psiquiatra era médico de doido. Mas foi o que acabei fazendo após dois anos de crises. Passei por consultas com o Dr. Adriano, descobri que o que tinha era síndrome do pânico e comecei o tratamento”, explica Fredy.

"Após anamnese, exame mental e entrevistas concluí que o Fredy tinha um transtorno de ansiedade de base que eclodiu em picos de crises chamada de transtorno de pânico, conhecida também como síndrome de pânico. Sem motivo aparente ele apresentava palpitação (taquicardia), falta de ar, dor no peito, dormência nas mãos e nos braços e sensação de morte. Eu receitei a ele um inibidor seletivo de recaptação da serotonina - paroxetina, associei a um tranquilizante inicial benzodiazepínicos; após o término das crises, num segundo momento reajustei as doses e com dois meses ele voltou com remissão de sintomas, ou seja, sem sintomas, sem crise de pânico e sem ansiedade."

“Após 15 dias de tratamento já pude perceber que estava melhor, um mês depois quase todos os sintomas haviam desaparecidos e dois meses depois estava bem, sem crises e levando minha vida normal. Hoje estou bem, graças a Deus, mas poderia ter me livrado de tantas crises se estivesse ido no psiquiatra assim que apareceram os sintomas. Sofri dois anos por teimosia e resistência. Só quem passa pela síndrome do pânico sabe o quanto é horrível. A sensação que a gente tem é que vai morrer e sente isso no nosso corpo”, relembra Fredy.

Por que o psiquiatra é importante no tratamento da depressão, ansiedade, e outros transtornos mentais

A avaliação psiquiátrica deve ser feita baseada na investigação dos fatores sociais, psicológicos ou biológicos que podem ter contribuído para o desenvolvimento de um determinado transtorno mental.

Para se entender a gravidade de uma psicopatologia é necessário discernimento clínico minucioso. Portanto, só o médico especialista em psiquiatria - que estudou sobre os problemas da mente humana - encontrará o diagnóstico e a melhor solução para a cura de quem sofre de um determinado transtorno mental.

O diagnóstico psiquiátrico precisa ser cauteloso e é uma forma científica e confiável para se descobrir que tipo de transtorno está interferindo na qualidade de vida do paciente e para a prescrição do tratamento adequado.

O tratamento inicia com entrevistas com o paciente e familiares ( se o especialista achar necessário), anamnese e exame mental. Após este processo o psiquiatra deve prescrever a medicação e a dosagem mais adequada para cada caso, com base no contexto, histórico e sensibilidade de cada paciente.

Quanto mais for postergada a busca por um psiquiatra, maior será a chance do transtorno se agravar e, consequentemente, maior será o tempo para identificar o(s) tipo(s) de transtorno(s) que estão incomodando o paciente.

No entanto, quanto mais rápido for consultado o médico psiquiatra, provavelmente, o diagnóstico poderá ser feito em um período de tempo menor.

A seguir, veja a transcrição da entrevista sobre transtornos mentais com o Doutor Adriano Veríssimo

Vanessa Modaeli: Quais os Transtornos Mentais mais comuns?

Dr. Adriano: Depressão, Ansiedade, Transtorno Bipolar e Esquizofrenia são os transtornos mentais que mais costumo atender no consultório.

Vanessa Modaeli: Quais as causas desses transtornos?

Dr. Adriano:Os principais fatores que desencadeiam estes transtornos mentais são genéticos e psicossociais, onde a pessoa acumula preocupações, traumas, problemas, responsabilidades, pendências, desesperança, fadiga e outros. Com tudo isto, a pessoas desenvolve o sofrimento por antecipação. Existe uma outra causa mais rara que pode ocasionar transtornos mentais e está relacionada a doenças orgânicas como é o caso do AVC - acidente vascular cerebral - insuficiência renal crônica, insuficiência cardíaca. Idade avançada com predisposição genética pode provocar a doença de Alzheimer.

Vanessa Modaeli: Como é feito o diagnóstico?

Dr. Adriano:: O diagnóstico em psiquiatria é subjetivo e ocorre através da entrevista psiquiátrica. Não há exames laboratoriais ou exames de imagens para estabelecer diagnóstico de transtornos mentais. Eles são baseados no quadro clínico, na anamnese, no histórico, nos sintomas específicos de cada paciente. O psiquiatra analisa todas essas informações e utiliza a referência da literatura psiquiátrica que tem seus critérios consolidados para só então estabelecer o diagnóstico.

Vanessa Modaeli: Como é feito o tratamento?

Dr. Adriano: O tratamento de doenças como depressão e ansiedade, por exemplo, na maioria das vezes é realizado através de acompanhamento psiquiátrico e psicoterápico. No tratamento psiquiátrico o médico vai prescrever medicamentos e também passar algumas orientações para o paciente. No psicoterápico, o psicólogo ou psicoterapeuta vai realizar o tratamento através da palavra, da terapia, do esclarecimento para que a pessoa possa desenvolver habilidades de autoconhecimento, autocontrole e desenvolver técnicas psicológicas para que ela mesma detecte precocemente as alterações e utilize mecanismos psicológicos próprios para combater os transtornos mentais.

Vanessa Modaeli: Quanto tempo dura um tratamento?

Dr. Adriano: É bem variável e depende de cada caso. Há pacientes em que o tratamento dura pouco tempo, cerca de 6 meses até menos. Porém há pacientes que o tratamento é mais prolongado e pode durar um ano, dois anos, 10 anos ou ainda a vida inteira.

Vanessa Modaeli: Como é feita a escolha e a indicação de dose do medicamento?

Dr. Adriano: A escolha é feita com base no conhecimento da literatura médica da psicofarmacoterapia, onde o psiquiatra analisa cada caso avaliando o quadro clínico, a sensibilidade, o diagnóstico, enfim o contexto como um todo, para só então escolher o melhor medicamento para um determinado paciente. Ou seja, o medicamento que se enquadra melhor, para cada caso, ao perfil do paciente. Quanto à dose, depende da intensidade do transtorno, da sensibilidade do paciente, da medicação em si.

Vanessa Modaeli: Quais são os efeitos colaterais mais comuns dos medicamentos?

Dr. Adriano: Sonolência, tontura, náuseas e mal estar. Às vezes, no início do tratamento os medicamentos podem provocar tremores, dores de cabeça, aparente piora da ansiedade e taquicardia. Insônia, aumento de apetite, prisão de ventre. No entanto, o psiquiatra irá escolher o melhor medicamento para que minimize esses efeitos colaterais. Em último caso, se os efeitos colaterais forem muito fortes o mais indicado é a troca do medicamento.

Portanto, como o leitor pôde acompanhar, os transtornos mentais são mais comuns do que imaginamos. Ainda mais quando pensamos no estilo de vida corrido e estressante que levamos nos dias de hoje.

Infelizmente nossa vida agitada e repleta de afazeres tem sido um dos principais fatores que nos permite apresentar algum tipo de transtorno mental durante nossa vida. Ao apresentar algum sintoma onde há suspeita de transtorno mental, procure um médico e siga suas orientações.

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